Certamente muitas pessoas conhecem o ditado que diz; ”A justiça é cega”. O que elas provavelmente não sabem é que o poder é surdo. De fato ele tem a capacidade de tornar quem dele se utiliza “surdo”.
È impressionante como a surdez e a insensibilidade rondam a cadeira do poder e, muitas vezes, tornam-se um anestésico, gerando naqueles que o detém, um sentimento falso de que o mundo é sempre cor-de-rosa.
Esses elementos anestesiantes fazem com que os poderosos se esqueçam dos “gritos” de uma classe marginalizada, embora seja essa mesma classe que os motivaram a chegar aonde chegaram e justificaram a ascensão à “cadeira da surdez”.
É interessante analisar o comportamento dos homens públicos antes e depois das eleições. São celulares que se desligam telefonemas que não retornam, sem contar as promessas de campanha que dificilmente são cumpridas. Só existe uma explicação pra tudo isso; o poder é surdo! Ele não conseguiu ouvir o clamor e o grito dos que sofrem.
O som consegue despertar a emoção com mais facilidade do que a imagem. Quando se presencia uma cena de dor, ela se torna muito mais comovente quando vem acompanhada de trilha sonora. Por isso, as trilhas sonoras de novelas, filmes e reportagens são tão importantes para mexer com as emoções das pessoas. O problema é que a “dor da rua” não possui trilha sonora e nem alcança os gabinetes dos “palácios”.
Nosso país é o país das desigualdades. O país no qual quem é grande se protege, mas quem é excluído permanece excluído. Este é o Brasil e o que nos resta é lutar para mudá-lo ou abandoná-lo.
O que nos inspira é o exemplo de Jesus que, em meio a um governo corrupto, decadente, imoral, autoritário, que era o governo de Roma, ensinou seus discípulos a desejarem o Reino de Deus e a buscarem Sua vontade para essa terra, assim como ela é feita no céu, Mateus 6:10. Por causa das palavras e do compromisso dos cristãos, é que ainda temos o que existe hoje.
Imaginem se todos aqueles que lutaram pela verdade tivessem cruzado os braços? Onde estaríamos hoje? È com essa esperança que levantamos nossas cabeças e olhamos para o amanhã, com a certeza de que nossa luta é o que levará adiante, e que nossa missão como embaixadores do Reino de Deus nesta terra, inicia-se na pregação do evangelho que redime o indivíduo, mas só termina com a implantação dos valores e princípios cristãos à sociedade em que vivemos. È para essa missão integral que a igreja de hoje precisa se despertar.
Bispo Rodovalho