Bom dia! Estou organizando com minha assessoria o livro de prestação de contas de meu mandato parlamentar e chegamos agora aos discursos. Selecionando alguns encontrei textos interessantes. Sempre digo que há quatro coisas sem volta: - água derramada, pedra lançada, palavras faladas e oportunidades perdidas. Acompanhe alguns dos trechos de discursos proferidos em plenário. Em breve disponibilizarei em meu site o arquivo do livro na íntegra para download.
Bispo Rodovalho
24/05/2010
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Deputado Rodovalho em 22/02/07
Saudações
Sr. Presidente, muito obrigado pela deferência. Sras. e Srs. Deputados.
Lucro das instituições bancárias brasileiras
Ocupo a tribuna nesta tarde para fazer breve comentário a respeito de matéria publicada no jornal Folha de São Paulo no dia 19, que trata do lucro dos 5 maiores grupos bancários deste País - 27,5 bilhões de reais - apenas pelas taxas extras cobradas no ano passado.
O setor financeiro é, sem dúvida, o mais lucrativo em uma economia como a nossa. Os lucros das instituições bancárias têm sido exorbitantes, em qualquer dos planos econômicos adotados recentemente no Brasil, a ponto de essas próprias instituições terem seus balanços publicados sob curiosidade geral da Nação.
Sr. Presidente, estamos numa sociedade capitalista por opção. O Brasil respeita a propriedade privada, o lucro. Respeitamos e incentivamos o desenvolvimento, o crescimento, do qual o lucro é uma das partes motivadoras e notórias em qualquer sociedade desenvolvida do planeta. Acreditamos na propriedade privada, no livre comércio, nos direitos dos indivíduos e das instituições de exercerem seu trabalho e lucrarem honestamente. O que não podemos aceitar, contudo, é que lucro seja confundido, formalmente ou informalmente, com usura.
Brasil de ponta X Brasil de misérias
Gostaria de fazer uma observação. Hoje, o País convive com duas realidades extremas: o Brasil de ponta, das classes A, B e C, extremamente privilegiado, desenvolvido, e o Brasil muito carente, para não dizer miserável, alijado das mínimas condições de sobrevivência.
Em um país de raízes cristãs como o nosso, temos que perseguir o desenvolvimento, mas com justiça social e distribuição de renda. É justo o ganho de todas as instituições, e bem-vindo o capital estrangeiro, mas para contribuir com o nosso desenvolvimento e, especialmente, para incluir a grande parcela de nossa sociedade excluída do processo de integração social.
Desenvolvimento e justiça social
Após ler a reportagem da Folha de São Paulo, concluo que nós, Congressistas, o Executivo e a sociedade precisamos pensar uma forma em que o lucro de algumas instituições, especialmente das financeiras, seja, de alguma maneira, uma ponte para agregar essa parcela.
Sras. e Srs. deputados, eeputada Luiza Erundina, o produto mais caro do País atualmente é o crédito. No Brasil se cobram os maiores juros de mercado. O crédito é o produto mais caro, embora seja o mais importante para o desenvolvimento. E a verdade é que caímos na ciranda de que quem mais precisa de crédito é quem menos tem acesso a ele. A propósito, os bancos estão lucrando mais de 25 bilhões em taxas extras. O cheque especial, por exemplo, foi aumentado em 16%, além do pagamento adiantado de duplicatas, com acréscimo de mais de 15%. Hoje, se alguém quiser quitar uma duplicata, ela será taxada antecipadamente, fora da data.
Lucro predatório
Pensando nisso, deveríamos encontrar uma maneira para diminuir esse lucro, que é, usando expressão religiosa, um lucro sagrado, resultado do esforço, do risco, do trabalho e do suor do trabalhador, que precisa ser muito respeitado. O lucro não precisa ser tão vultoso, tão predatório, não deveria sacrificar tanto as camadas mais carentes.
Nanoempreendedores
Hoje, se um vendedor, ambulante ou autônomo precisar de crédito, por exemplo, para comprar um carrinho de cachorro-quente ou para montar seu micronegócio, aliás, seu "nanonegócio", vamos falar numa escala abaixo - eu sou físico e conheço um pouco dessas escalas -, ele não tem acesso porque muitas vezes não possui CGC e, como é pessoa física, acaba encontrando restrições. Ele terá direito a crédito, mas vai pagar juros altíssimos. Ele não terá garantias, pois as instituições bancárias fazem de tudo para proteger seu capital.
Amor ao próximo
O setor financeiro poderia muito bem liderar o Brasil em um exemplo de desprendimento para inclusão, abrindo mão de parte de seus exorbitantes lucros, para projetos que possibilitem o empreendedorismo das parcelas mais carentes de nossa gente, financiando, por exemplo, os nanoempreendimentos. Ou que auxiliasse nas erradicações de favelas. Enfim, que pudéssemos colocar em prática a parte do Evangelho sobre o amor ao próximo como a si mesmo.
Parte dos lucros bancários para as classes menos favorecidas
Sr. Presidente, por que não trabalharmos no sentido de que parte dos lucros dos bancos seja destinada à parcela mais carente da população, com o fim de gerarmos empregos e desenvolvimento, de criarmos meios de integrar essa parcela hoje alijada?
Brasil, um país de oportunidades
Nosso povo é trabalhador. Nosso País é o País das oportunidades. Mas não conseguimos trazer essas oportunidades para nossa gente na prática. O produto mais caro neste País é o crédito, especialmente para os mais carentes, que não possuem garantias. Exatamente por isso entramos na ciranda, sem garantias, sem crédito, sem empresas, sem empregos privados, sem poder de consumo, sem força econômica no Estado, consequentemente, com impostos exorbitantes ou juros altos para atrair o capital especulativo, alimentando a inflação.
Acesso ao crédito e desenvolvimento
Precisamos quebrar esse ciclo, implantando uma economia de mercado livre e responsável. Seria apropriado começar pelos que mais ganham como o setor dos bancos brasileiros que lucram com o mais importante produto nacional, o crédito, que impulsiona o crescimento e traz o desenvolvimento e a inclusão a setores mais carentes. Até nisso o Evangelho nos ajuda a compreender a vida humana, quando nos ensina a pensar no próximo e não apenas em nós mesmos.
Construir pontes
Acredito que as próprias instituições bancárias, uma vez desafiadas, seja pelo Executivo, seja pelo Congresso, tomariam a liderança do processo. O Brasil precisa de alguém que tenha coragem e liderança para quebrar a separação que há entre os menos favorecidos e a sociedade privilegiada. Precisamos construir pontes, e a forma de fazê-lo é apelando aos setores privilegiados, sobretudo ao setor financeiro.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na condição de líderes e de responsáveis pelo modelo social, espero encontrarmos uma forma de levar crédito aos mais necessitados.
Pac veio em boa hora
Ouvi o colega deputado Rodrigo Rollemberg, que me antecedeu nesta tribuna, falar sobre o PAC. Concordo com S.Exa. quanto ao fato de que se trata de medida louvável, de um dos projetos que visam promover o desenvolvimento mais inteligente e organizado de que temos lembrança. O PAC vem em boa hora. O Brasil não pode continuar crescendo à média de 1,5%, 2% ou 3% ao ano. Precisamos crescer à taxa de 5% por pelo menos 7 anos seguidos para conseguirmos resgatar as camadas menos privilegiadas, ou, então, não conseguiremos influir na bolsa de desempregados. Essa bolsa de desempregados é o grande mercado à disposição da marginalidade e do crime organizado. Precisamos agir não apenas no que diz respeito à área social, trabalho iminente, socorro do dia-a-dia, mas que não resolve o problema a médio e a longo prazos.
Centro-Oeste, acesso ao País
O Distrito Federal possui ao seu redor um cinturão - as cidades do Entorno - cujo potencial humano para o trabalho é enorme. Ali deveriam ser aplicados, com inteligência, projetos geradores de emprego e desenvolvimento. Não apenas os 24 milhões já destinados à causa, mas um valor maior. A Região Centro-Oeste, nobres colegas, pela sua localização, permite acesso mais fácil ao restante do País.
O governador José Roberto Arruda conversa neste momento com o presidente Lula sobre como a região Centro-Oeste pode ser beneficiada e ter o seu desenvolvimento alavancado, sendo verdadeiramente um elo de ligação entre as demais regiões.
Esforço conjunto
Peço ao Legislativo e ao Executivo que façam um grande esforço e liderem a integração dos brasileiros menos favorecidos à sociedade produtiva. Isso só acontecerá, a médio e em longo prazo, com crédito, planejamento e inteligência.
Parabenizo o Governo Federal pelo Programa de Aceleração do Crescimento - PAC. Vamos encontrar uma maneira de levar o Brasil a crescer e a se desenvolver, incluindo os mais carentes e excluídos.
Semeando sonhos, construindo propósitos e decidindo destinos!
Em 2007, um novo começo!
Muito obrigado.